segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Em homenagem ao dia 14 de setembro. Em homenagem à você

Pai,

Quero te pedir desculpas, por todas às vezes que disse que eras um pai ausente, não fazia questão de ficar com os filhos e só vivia para trabalhar. Eu entendo a tua posição, é mesmo muito difícil a responsabilidade de sustentar uma casa, com mulher e três filhos. Não é fácil mesmo, quantas vezes deves ter dormido preocupado, pensando se o dinheiro vai dar para pagar aquelas dívidas, comprar aquelas coisas que filha nº1 pediu, como me chamas, comprar para os filhos nº 2 e 3, aquele videogame tão desejado por eles e aquela joia sonhada para patroa.
E em tempos de vacas magras, lá em Tucuruí, com certeza deve ter sido o pior período das nossas vidas. Mas, eu nem percebi. Se vocês não tivessem me contado, anos mais tarde, como foi aquela época, nem desconfiaria.
Também, gostaria de retirar todas as minhas mágoas e resolver de uma vez por todas as picuinhas mal resolvidas entre nós. Tá, eu sempre me ressenti por não teres me ensinado a andar de bicicleta e depois a dirigir. Todas as meninas aprendiam essas coisas com seus pais. Você nunca podia, mas mesmo assim, incentivava e ficava com aquele semblante cheio de orgulho, quando me via pedalando ou dirigindo, aquela mesma feição de quando te despediste de mim naquele dia no aeroporto e meio desconcertado e convenhamos meio brega, soltou "Minha pombinha gordinha alçou o primeiro voo pra longe de mim".
Na verdade, pai, o que estou tentando te dizer é que você esteve presente nesses momentos da minha vida sim. De algum modo, com as suas palavras e atitudes. Nunca me esqueço do que falas ou escreves para mim. Eu sei que lá no fundo isso te magoava, mas eu estou escrevendo agora, que é mais forte do que falar, para esqueceres isso.
Fique tranquilo, fizeste tudo certo, eu que era imatura o suficiente e não enxergava e muito menos entendia tudo que fizeste e ainda faz por mim. E nem por isso, perdeste o posto de meu heroi e claro, meu exemplo.
Por causa de ti, não acho que ser honesto, bom caráter, íntegro, digno seja um defeito, tá certo, que as pessoas confundem tudo isso, com uma pessoa otária e ingênua. Mas, pai, não deixe que esse mundão aqui, te desvirtue,continue assim, essa pessoa íntegra e cheia de bondade no coração, é muito raro encontrar gente como você aqui no mundo.
Fico muito feliz, quando as pessoas dizem que me pareço com você, tanto fisicamente como emocionalmente. Já estamos cansados de saber disso, né, que somos muito parecidos. Mas é verdade, a Elis Regina estava certíssima mesmo, em "Como nossos pais", tem certas atitudes que não mudam mesmo. E quer saber, nem quero que mudem. Não sei, pai, se tenho a mesma integridade e inteligência que tens, mas estou me esforçando e caminhando para seguir os teus passos. Na humildade, sempre, como dizes pra gente, os teus filhos.
Hoje, pai, não está sendo um dia fácil para mim. Ficar longe de ti, no dia do teu aniversário é muito pior do que não escutar as tuas piadinhas infâmes de todas as noites "Pop filha, aqui está o seu pop pai" e o "Comporte-se e não se suje" que eu tanto odiava, porque sempre falavas imitando o Frajola e era cuspe pra todo quanto é lado.
Mas, nostalgias à parte, queria te desejar um ótimo dia e te deixar um parabéns bem saudoso. Mais tarde, vai sair com a patroa e os gêmeos, vão lá no Xícara da Silva, o meu restaurante predileto, vou está por lá, em pensamento. Eu já sei, o que vais me dizer, que hoje não vai dar, só no final de semana. Tá, tudo bem, então, vai no sábado à noite. E não repara no meu presente, mereces muito mais. A dica é Pink Floyd, só falta saber se vais gostar.
E para fechar com chave de ouro. Meu velhinho, eu te amo muito e sonho um dia, encontrar um homem assim que nem você pra minha vida. Mas se porventura, não encontrar, vou entender a mensagem de Deus, que o primeiro homem a me amar, que é você, também será o último. E vou ficar satisfeita.
Beijos,
Da sua filha,
Lí.

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