terça-feira, 15 de junho de 2010

Sem essa tal vibe verde e amarela

De longe ouvia-se os apitaços, vuvuzelas(sim, pode acreditar, até aqui no Brasil, mais especificamente, São Paulo,isso virou febre) buzinas e gritarias do tipo "Brasil, Hexacampeão, porra!". O relógio do celular marcava, 7h30 da manhã!!!! E para quem tinha dormido com muita dificuldade, às três da madruga, acordei muiiitooo de bem com a vida. Querendo sair por aí, vestida de verde e amarelo....
Sentei na cama e pensei "Inacreditável, 7h30 da manhã e o povo já está assim. Imagina na hora do jogo, eu quero morar numa bolha". E voltei a dormir, cinco minutos depois, foguetórios, vuvuzelas, gente gritando na rua, buzinas novamente. E sentei de novo na cama e pensei "Não tem jeito, vamos acordar." Acordei, mas fiquei deitada na cama, curtindo a minha preguiça.
Todas as copas que já vivenciei são assim. As pessoas se transformam, algumas viram seres irreconhecíveis e assustadores. Outros, são patriotas, agora sabem de cor o hino nacional, até levantam e põem a mão no peito esquerdo quando o escutam. Uns que viviam reclamando de como o país anda mal, que o Lula não faz nada, a partir de hoje tem orgulho de ser brasileiro. A programação da televisão é absurdamente irritante. No país, ninguém mais é assaltado, assassinado, não tem mais tráfico de drogas... todos estão juntos, bandidos e policiais, torcendo para que o Brasil ganhe o mundial, e retorne com o hexacampeonato a tiracolo.Todas as propagandas falam sobre a copa do mundo. As sacolinhas plásticas dos supermercados tem estampado, o emblema da bandeira do Brasil. Todas as lojas de vestuário e em qualquer lugar vendem camisas e bugingangas verde, amarela, azul, branca, enfim, com todas as cores da bandeira nacional. Algumas empresas encerram expediente. Órgãos públicos, acreditem, param. Amigos ligam de cinco em cinco minutos, "Ei Lígia, vem aqui, assistir o jogo com a gente, vai ter churrasco". E todo mundo, 20 milhões de pessoas que vivem em terras paulistanas tentando ao mesmo tempo, voltar pra casa, ir para casa de amigos, barzinhos, enfim, tudo para assistir o jogo de estreia do Brasil, sil, sil. E o melhor de tudo, muita gente cantando a música oficial da Copa e que é música-tema do comercial da Coca Cola "ooooo, ooooo, ooooo".
E de repente, eu me encontro nessa confusão que tem cor, verde e amarela. E sem entender, olho para os lados e continuo sem entender, o motivo de tanta histeria. De tanta loucura, de tanta alegria. Eu sei, o Brasil tem grandes chances de conseguir o hexacampeonato. Não, não sou antipatriota. Amo o meu país e sempre me orgulhei de ser brasileira. Mas não consigo enxergar motivo para que todos fiquem assim, por causa de um campeonato. Por que, em dia de eleição, não vimos pessoas vestidas de verde e amarelo? Copa do mundo, não muda vida de ninguém, exceto dos envolvidos no futebol brasileiro e mundial. Os jogadores que já recebem milhões de dólares, euros e mais moedas estrangeiras que valem muito mais que o nosso dinheiro, o real. A Fifa dá prêmios milionários para os três vencedores da Copa do Mundo, mas não sei, o que é feito desse dinheiro. Serão doados para cada brasileiro, vai para os cofres públicos? Acho que não. Então, Copa do mundo é boa para quem? Para mim, que não tenho loja, bar, hotel,operadora de celular, não sou dona da Coca Cola, não tenho uma rede de televisão, não ganho nada com isso. Então, para que, vou gastar meu mísero dinheirinho, conseguido com muito suor, para torcer pelo Brasil. Pra que?
Não estou amargurada e triste, só por não estar na mesma "vibe" de todos. E também, não sou do contra e nem quero chamar atenção por causa disso. Podem, me chamar de rabugenta, mas só não vejo motivo para enlouquecer, beber até cair e "uhu somos todos brasileiros e temos orgulho disso".
Às vezes, acho que sou extraterrestre e nesse mês, gostaria muito de morar numa bolha. Mas como isso, não é possível. Vou observando e esperando ansiosamente para que o mês de julho chegue logo, e ter a certeza que até lá, ninguém se lembre da vuvuzela, de que o presidente da África so Sul se chama Jacob Zuma e que ainda existe apartheid por lá. E tudo vai voltar ao normal, com menos histeria e sem cores verdes e amarelas pelas ruas. Vai tudo voltar a mesmice de todos os dias.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Humanidade

Ainda acredito nela,
Veemente,
Mesmo com tantos absurdos, alguns impossíveis de se imaginar.
Não é preciso falar, escrever, muito menos detalhar.
Está diante dos nossos olhos.

Triste, muito triste, ver que há pouco amor pelo próximo,
Solidariedade,
Gentilezas,
Romances, ah.... os romances estão fora de moda,
As pessoas não se permitem mais,
A pressa do trabalho está acima de tudo,
O dinheiro é tudo,

O egoísmo e o individualismo ainda dominam,
No entanto, ainda existem os incompreendidos, aqueles que se preocupam com os outros,
Sabe como eles ficam conhecidos pela maioria: os ingênuos e os otários. Por que?
Porque eles se importam,
São sensíveis e não fracos,
Pena, eles são poucos

terça-feira, 8 de junho de 2010

O amor não é ridículo

O amor por uma amizade, o amor por bichos, por livros, por música, pelo o que admira, o amor pelos pais, avós, tias, primos, primos de 2º e 3º grau, o amor de mais de sete anos de relacionamento. Definitivamente, não é ridículo. É a mais pura razão de viver, de respirar, de acordar todos os dias e saber: tenho todas essas pessoas para amar e passar o resto da vida ao lado delas.
É simplesmente, o grande barato da vida e que, na realidade, levamos conosco. O resto, como a própria palavra já se encarrega de estigmatizar, é resto e burocracia que temos que enfrentar durante a nossa existência na Terra.

Brindemos à vida e ao amor, que nada tem de ridículo.

domingo, 6 de junho de 2010

Little darling, soon soon, here comes the sun...

Nada como ouvir o meu Beatles predileto, George Harrison, cantar "Here Comes the sun", em um domingo nublado e cinzento em São Paulo. E assim, ter uma dose bem pequena de otimismo, quando se acorda um dia, meio para baixo. Quem um dia, longe da família, não acordou assim? Meio tristinho... com saudade da família e dos amigos que deixou na cidade natal, no meu caso, Belém do Pará. A Belém do Grão Pará. Essa música, por mais triste que você esteja, de repente, você se pega batendo os pés no chão e as mãos na mesa.

Um bom domingo a todos. "And, is all alright".Yes, thanks, George Harrison.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Rearfirmar é sempre bom

Esse post foi publicado aqui (sim é pra você, @medlivia), da pós que estou fazendo. O pessoal teve uma ideia muito legal de criar esse blog como meio de reunir conteúdos do curso e também para que os alunos possam escrever o que os motivaram a escolher essa pós,  a série "Os caminhos que percorri até a pós".
E eu já escrevi o meu.
Reproduzo abaixo:


Uma andarilha paraense



Gosto de desafios. Desafio, no sentido de não ter medo de arriscar, de inovar, de começar uma nova vida. E isso acontece comigo, sempre que não me sinto parte de algo, quando não estou mais satisfeita com o rumo que a minha vida está tomando. E foi pensando nisso, que resolvi, largar trabalho, amigos e família para tentar uma nova vida aqui na cidade grande, essa megalópole que assusta e encanta ao mesmo tempo.



Sou de Belém do Pará, nascida e criada às margens do rio Guamá. Para muitos, quando falo que sou de Belém, (minhas conterrâneas e colegas de classe, podem concordar ou discordar),  as pessoas se espantam, “Nossa, é longe né?” Me sinto quase, uma extraterreste recém chegada à Terra. Mas como todo bom paraense e já sabemos do desconhecimento da maioria das pessoas sobre como é a região Norte do país, até porque os governantes das bandas de lá não ajudam muito, para que o restante do país saiba que existimos. E respondo, “Sim, sou de lá, a terra das mangueiras e do calor infernal”, nunca falo sobre o Calypso, não considero um bom motivo para se orgulhar (gosto é gosto, mas eu prefiro omitir essa informação, se me permitem).



Durante toda minha vida escolar sonhava em prestar vestibular em São Paulo. Tive sempre uma boa relação com a cidade. Meu pai nasceu aqui, em São Paulo. E como apaixonado que é, sempre me contava das lembranças felizes que ele tinha da infância paulistana. E nas férias de dezembro, sempre passávamos aqui. Mas com os percursos da vida, não consegui prestar vestibular em São Paulo. Só realizei meu sonho quando passei na pós e na Usp. Eu queria ter feito meu curso de jornalismo na Usp. Mas do mesmo modo, me sinto muito realizada por estar aqui e estudando na Universidade de São Paulo.



Quando me mudei para cá, não tinha certeza se passaria na pós ou não, porque o resultado ainda não tinha saído. E isso me angustiou tanto. Porque pensava assim, larguei trabalho, amigos, família, para vir para cá, em busca de maior aprimoramento profissional, cultural e pessoal e além de tudo, uma oportunidade de emprego, para ser mais uma no meio da multidão que procura emprego. Tinha que ter pelo menos a segurança de fazer a pós, caso contrário, minha vinda para cá, não teria sentido algum.



E quando veio o resultado, a ansiedade era tanta, que não conseguia abrir o email. Tive que pedir para minha amiga ver. E depois que ela disse que tinha passado, não acreditava e fui ver o meu nome. E quando o vi, escrito direitinho, fiquei aliviada e muito feliz. Pelo menos, a primeira parte do meu desafio estava cumprida.



A segunda parte está se encaminhando. Mas o melhor mesmo, foi ter conhecido cada um de vocês. Ter reencontrado uma amiga que estudou comigo na 4ª série do Ensino Fundamental que há tempos não via. E saber que essa pós Mídia, informação e cultura, será muito mais que um aprendizado acadêmico, o que todos procuramos. E que só a diversidade de pessoas e conteúdos que encontramos na nossa sala já é uma grande aula, uma aula da vida.